Era só uma caminhada...

Era sábado. Um dia digno de tudo. É aquela velha história de que "sabado à noite tudo pode mudar... "* . Só que na verdade, no sábado tudo pode mudar. O dia estava com aquele solzinho ceu azul e límpido no céu.

Eles caminhavam absortos em seu mundinho, cada um no seu. Pensando em suas historietas da vida privada. Prova de uma solidão. Entretido, ele não chateava com os quilos a mais que salientes pulavam para fora da calça preta dela. Preto era uma estratégia para disfarçar o que nao queria mostrar.

Da mesma forma, ela sequer se preocupava com a marca do tênis novinho que ele usava. Muito bem amarrado. A vida diária no papo, tão só: contas, questões, carro, empregada, planos para amanhã e para o almoço de logo mais.

De repente… não, não havia uma pedra no meio do caminho! Mas cadarço dela desamarrou. O sapato era velho e o cadarço cansado. Até entao nao havia se dado conta e ao perceber, não praguejou. Tambem já seria tarde...

Ele notou. E prontamente se abaixou e amarrou os laços que talvez naquele instante tenham se estendido para uma vida inteira.

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* Sábado à noite - Lulu Santos.

No me gusta. I don´t like.

" Besame, besame mucho... como se fuera esta noche la ultima vez..." * ¹

- Besameeeeeeeeee...
- Porra é essa, tu num disse que num gosta de musica internacional, Nandita?
- Éeeeeeeeeeee... hummmmmmmmm... ( sorrisinho)
- Aí ó, escondendo o jogo... com musica internacional no pen drive.
- Nao porra... é musica em ingles que nao gosto... E ó, aí é um bolero, porraaaaaaaaaa! É luis Miguel, véi. O cara! E ainda tem minha "tiuria"(leia-se teoria) de que o arrocha é um bolero popular. Foi daí que ele foi originado. Rs...
- Affe, Nandita vc é brega...

- Pausa - no papo e na musica.

" No me platiques mas... " *²

- Aí ó... coisa linda.
- E vc tá entendendo porra nenhuma.
- Tô sim... ele disse "no me platiques más".
- Ha ha ha... abestalhada.
- Tá por fora. Isso é lindo! Foi até tema de novela... akela massa do pescador parrudo...
... Kubanakan !!!!!!
- Affe. Novela idiota. E nem é do meu tempo. rs.
- Nao é nao, né? Seu tempo é a primeira versao de Irmaos coragem. rs. E ó, eu amaaaaaaaaava Kubanakan.
- Vc é brega, Nandita!
- É? Mas prefiro ser como as cartas de amor de Álvaro Campos, ridícula. Eu brega ou ridícula mundo ainda é um moinho, segundo Cartola. Mil pessoas têm ( ooops com a nova regra cai o acento. Fica "tem" mesmo) síndrome de Maysa... e o mundo cai. O meu nao. Gosto de bolero mesmo. Hunf!
- Ã? Que vc tá falando...????
- Nada! Eskece.


Mudo a música do pen, que está no radio. Inicia um Tum Tsss Tum...

"i
i....
i....(tonight) i
i
I need your sunshine tonight
i
M...y i
I need your sunshine tonight" * 6

Me dou conta do que esta tocando e desligo o som todo...

- Ahaaaaaaaaaa... aí ó.. ouvindo musica internacional... aliás, em inglês... prá ser mais específica.
- Oxe... que é que tem?
- Ahhhhhhh,... nao gosta né, Nandita? Pressao da porra!
- Tá bom, mas nao conte prá ninguém, gosto de umas... e outras.. rs...

A gente passa perto de um carro com o som nas alturas.
" Balacobacoooooooo, mexeu balacobaco... e o gostoso é até embaixo..." * 7
E o coro no meu carro é notório.

- Adoooooro o balacobaco.
- Affe, agora sim... porra de Bolero, Nandita. Liga o som aí...

Ligo o rádio, no radio mesmo, que está sintonizado em A tarde FM e qual nao foi a minha surpresa...
" Dicen que la distancia es el olvido. Pero yo no concibo esta razón... " * 8

- Silencio e risos !

- PQP. deixa a porra terminar... mas depois poe no pen drive akela em inglês mesmo.

Ponho o pen drive mesmo no som e ...
" ... If you don't know
What you are for me
Don't leave me alone tonight
If you don't go
I'll let you see
What there is in my heart... " *6

Tum tsss tumm...
e seguimos...
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* ¹ Besame mucho - Luis Miguel
* ² No me platiques mas - Luis Miguel
* ³ Todas as cartas de amor são ridícilas - Poema de Alvaro Campos
* 4 O mundo é um Moinho - Cartola
*5 Meu mundo Caiu - Maysa Matarazzo
* 6 If you - magic box
* 7 Balacobaco - Parangolé
* 8 La Barca - Luis Miguel

(N)UM CONTO.... "pxiiiiiiiiiii"

... E como quem nada queria, ou assim fingia, ela estava lá num mundo todo seu. Sem pensar em nada, sem nada fazer. Estava ali... sendo julgada pelo réprobo. Ora, mas que ironia...
Ainda assim, impassível, olhava o céu, como se ele sempre estivesse bem azul de dias ensolarados. Pois olhava com os olhos bem apertados, como que sensíveis ao sol. Seu ar parecia contar estrelas...
É, vai ver tem muita criatividadade!
Nao sei dizer ao certo se era noite ou dia, mas ela estava lá... e eu só notava isso.

... ela estava lá e achava que tudo caminhava bem... suas convicções eram firmes!
... Firmes !?!? Pergunta-se agora
Porque de repente, o tempo mudou, mas nao se sabe se nublou ou não... eu nao conseguia perceber.
O certo é que o vento mudou de direção. Aliás, ele ia por tantas direções que ficava difícil, até mesmo, de convencer o papel do chiclete - que acabara de jogar ao chão -, qual rumo seguir.
Dessa vez, ela ficou observando o papel, tão confuso quanto o seu pensamento, dando voltas e rodopios e pequenos voos.
Agora pensava no mar... e na correnteza.
Agora era um peixe. Seguir o cardume era a melhor opção? As vezes o cardume parecia muito mais fugir, do que se divertir.
Eram tantas perguntas que, quando se deu conta, os peixes já se tinham ido, assim como o mar.
O papel do chiclete estava imóvel.
Nem parecia mais se lembrar das estrelas que talvez contasse, porém o céu ainda parecia azul.
Quis um cigarro, mas se lembrou que nao o suportava.
Levantou-se, pegou o papel do chiclete e jogou no lixo. E sentiu-se melhor.
Hesitou ao pedir uma bebida. E desistiu... a vida seria muito mais intensa assim.
... e assim foi. Voltou prá casa e pegou seu violão. Tocou suas tristezas e suas alegrias. Tudo mais sensível e intenso. Tudo parecia mais sincero.

E a canção que melhor soou, porém nao a que melhor tocou...
" Ainda é cedo, amor... mal começastes a conhecer a vida..." *¹

E por fim, a que melhor tocou...
" Se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí... levando um violão debaixo do braço..." *²

E assim ela foi, com seu violão... e seus pensamentos, como o papel na ventania.

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*¹ O MUNDO É UM MOINHO ( Cartola )

*² DIZ QUE FUI POR AÍ ( Zé Ketti/ H. Rocha )